O que é o concreto?

O que é o concreto?


O concreto não existe pronto na natureza. É um material composto, feito a partir da mistura de outros materiais: cimento, areia, pedra (ou brita) e água.

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Existem dois tipos de concreto: o estrutural e o não estrutural. O estrutural é o usado na estrutura, que como já vimos, é a parte da construção com resistência suficiente para segurá-la de pé. O concreto não estrutural, também chamado concreto magro, tem resistência menor e é utilizado em partes não estruturais do edifício como por exemplo, lastro para pisos. O concreto no seu estado fresco, isto é, logo após ser produzido, é uma massa que pode ser moldada, como se fosse uma massa para fazer um bolo. O concreto é então colocado numa fôrma, isto é, num molde, geralmente de madeira, como se fosse a fôrma do bolo. Depois de um determinado tempo, o concreto fica endurecido, adquirindo resistência. Neste momento a fôrma é retirada e o "bolo fica pronto", isto é, o concreto fica com a forma desejada.

Só com essa rápida apresentação, já dá para perceber as grandes vantagens do concreto como material estrutural, e porque é tão utilizado. Primeiro, é muito resistente. Segundo, pode ser moldado nas mais diferentes formas. Isto fez com que o concreto se tornasse um dos materiais preferidos dos arquitetos e engenheiros, que puderam projetar e construir obras incríveis, diferentes, super arrojadas e bonitas.

Materiais do concreto

1) Cimento:


É um pó fino acinzentado com propriedades aglomerantes, isto é, quando misturado com água vira uma pasta que funciona como "cola", envolvendo os outros materiais do concreto, que são a areia e a pedra. Depois de endurecido, torna todo o conjunto resistente, que é o concreto. É o cimento que faz do concreto um material estrutural. Por isso é o mais importante e o mais caro dos ingredientes do concreto.
O cimento endurece após misturado com a água, o que se chama hidratação. Cimento hidratado é portanto, cimento "molhado". Depois de endurecido, mesmo que seja novamente submetido à ação da água, o cimento não se decompõe mais. Isto traz outra grande vantagem para o uso do concreto, pois é um material excelente para obras executadas sob a água, como pontes e hidroelétricas, por exemplo.

O cimento é fabricado a partir de dois ingredientes que existem na natureza: o calcário, que é uma rocha, e a argila, que é um tipo de solo Tanto o calcário quanto a argila existem em abundância no Brasil. Eles são misturados e colocados num forno, a uma temperatura muito alta (aproximadamente 1500° C) O produto que sai do forno chama-se clinquere tem a aparência de pedras escurecidas. Depois de resfriado o clinquer é moído resultando num pó, que é o cimento. Na fase de moagem adiciona-se gesso para regular o que se chama tempo de pega do cimento. Veja na figura a seguir um esquema do processo de fabricação do cimento.

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O Cimento fabricado assim tem um sobrenome: é Portland, Cimento Portland.

Curiosidade

De onde vem o sobrenome do cimento? O sobrenome Portland vem da sua origem, como o sobrenome das pessoas. O cimento foi inventado na Inglaterra, em 1824, e era parecido com as pedras que existiam na ilha de Portland, que fica naquele país, daí o nome com que foi patenteado. O sobrenome também servia para diferenciá-lo de outros tipos de cimento, fabricados de formas diferentes. Com o tempo, todos os outros tipos foram sendo abandonados, restando somente o cimento Portland, que foi adotado como o único em todo o mundo.

Há porém vários tipos de cimento Portland. Os mais utilizados no Brasil são: o cimento portland comum (denominado pela norma brasileira CP I) e o cimentoportland composto, denominado pela norma brasileira CP II. A diferença entre os diversos tipos é a colocação de produtos que alteram algumas propriedades do cimento. Por exemplo: há um tipo de cimento chamado cimento de alto forno (denominado pela norma brasileira CP III) que é um cimento fabricado com clinquer mais escória de alto forno, que é um resíduo siderúrgico que vem da produção do aço. Isso faz aumentar a durabilidade do cimento, o que pode ser importante dependendo do tipo de obra. Outro tipo de cimento é o cimento branco (chamado pela norma CP B) que é utilizado para rejunte de azulejos.

Todos os tipos de cimento comercializados no Brasil devem obedecer a norma brasileira e serem certificados (aprovados) pela ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland). A importação é permitida desde que o cimento seja certificado. Praticamente não há importação. O Brasil tem capacidade para produzir mais do que consome, embora não seja exportador. O cimento pode ser comercializado em sacos de 50 kg, que é a forma mais comum e também a granel, para grandes consumidores.

Os seguintes procedimentos devem ser adotados, para o recebimento e armazenamento do cimento

1. Conferir a procedência (a marca do fabricante), o tipo de cimento, o número da norma técnica correspondente e a data de ensacamento. Todas estas informações devem estar na embalagem, conforme exige a norma brasileira.

2. 
Verificar se não há sacos rasgados, furados, molhados e se o cimento não está empredado.

3. Atenção: é proibido o uso de cimento empredado. Caso seja entregue cimento nestas condições, deve ser devolvido.

4. Armazenar em local fechado, protegido da umidade, sobre estrado de madeira, afastado do piso e das paredes pelo menos 20 cm.

5. O empilhamento máximo deve ser de 10 sacos.

6. Usar sempre o cimento mais antigo primeiro.

7. 
O estoque em obra deve ser planejado para ser consumido em no máximo 15 dias. O prazo total de validade do cimento é de 3 meses.

2) Areia e pedra:

São chamados agregados do concreto. Agregados são materiais granulares - utilizados sob a forma de grãos ou partículas - e são inertes, isto é, não reagem com os outros materiais com que estão misturados.

Os agregados são classificados de acordo com o tamanho dos grãos: podem ser agregados miúdos (grãos pequenos), como as areias, e os graúdos, que são as pedras ou britas, com grãos maiores. Dentro desses dois tipos há ainda uma classificação mais detalhada de acordo com o tamanho, conforme será visto a seguir.

Os agregados podem ser obtidos diretamente da natureza, como por exemplo, as areias, em leitos de rio. Os graúdos, que são as pedras, são obtidos normalmente pela quebra de rochas, que se chama britagem. Daí o nome de britas, para caracterizar as pedras que são usadas no concreto. Nas tabelas a seguir são apresentados os tipos de agregado, classificados pelo seu tamanho, de acordo com a norma brasileira. Observe que no caso das britas, quanto maior é seu número, maior o seu tamanho. As mais utilizadas em concreto são as britas 1 e 2.

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As funções dos agregados (areia e brita) no concreto são:

• Reduzir o custo do concreto, uma vez que os agregados aumentam o volume da massa de concreto, sem perda de resistência, e são mais baratos que o cimento;

• Aumentar a resistência da superfície do concreto quanto ao desgaste e intempéries (chuva e sol por exemplo);

• Fazer diminuir as variações de volume do concreto durante sua cura, ou processo de endurecimento, que será visto adiante;

• Ajudar a aumentar ou diminuir a densidade, ou o peso do concreto, em situações em que isso se faz necessário.

3) Água:


A água a ser utilizada no concreto deve ser limpa - sem barro, óleo, galhos, folhas e raízes. Pode-se até dizer que água boa para o concreto é água de beber. A água fornecida pela rede pública por exemplo (água de torneira) pode ser usada com toda a segurança.
ATENÇÃO

Nunca usar: 

• Águas servidas (de esgoto humano ou animal, de cozinha, de fábricas ou de outros usos);

• Água salgada como a água de mar;

• Águas salobras ou barrentas.

O Uso de águas impuras ou agressivas, como as relacionadas, podem comprometer seriamente a qualidade do concreto e a segurança da obra, podendo causar até o seu desabamento.

Havendo dúvidas sobre a qualidade da água, devem ser feitas análises em laboratórios apropriados para saber se pode ou não ser utilizada para o concreto.